"Deny", "Defend" e "Depose". O Gatilho da Revolta com os Planos de Saúde na América: umolharexplicativo sobre como três estratégias das seguradoras têm alimentado a insatisfação e revolta dos cidadãos
- Antonio Carlos Faustino
- 18 de abr.
- 3 min de leitura

Introdução
Nos últimos anos, o debate sobre o acesso à saúde no continente americano tem se intensificado. Milhões de pessoas enfrentam obstáculos impostos pelos próprios sistemas que deveriam protegê-las. Entre as principais críticas aos planos de saúde privados está a adoção de estratégias conhecidas como “Deny, Defend e Depose” — negar, defender e depor — que têm aprofundado a frustração dos usuários. Este artigo analisa como essas práticas funcionam e por que elas se tornaram o estopim para protestos, processos e reformas em diversos países.
1. O que significam "Deny, Defend e Depose"?
Essas três palavras sintetizam táticas utilizadas por muitas seguradoras para minimizar seus custos, mesmo às custas da saúde dos pacientes:
Deny (Negar): A recusa sistemática de autorizar procedimentos médicos, tratamentos ou reembolsos.
Defend (Defender): A postura defensiva frente a ações judiciais movidas por pacientes, arrastando disputas por anos nos tribunais.
Depose (Depor): A estratégia jurídica agressiva de descredibilizar pacientes ou médicos durante processos legais, buscando minar suas acusações.
2. Impactos sociais e humanos no continente americano
Em países como os Estados Unidos, Brasil, Chile e México, relatos sobre abusos dos planos de saúde se multiplicam. Muitos cidadãos enfrentam:
Negativas de cobertura de emergência
Longas batalhas judiciais por tratamentos oncológicos
Dificuldade no acesso a terapias de alto custo
A percepção pública é de que os planos atuam como empresas de lucro, e não como prestadoras de serviço essencial.
3. O caso americano: entre a crise e a judicialização
Nos EUA, a saúde privada é dominante, mas também profundamente contestada. Segundo o Kaiser Family Foundation, 1 em cada 6 americanos teve tratamento negado por seus planos. Isso gerou uma indústria jurídica paralela e um movimento crescente por alternativas públicas, como o Medicare for All.
4. A experiência latino-americana
Na América Latina, a judicialização da saúde também é um fenômeno crescente. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal tem julgado diversos casos sobre o direito à saúde. No Chile, o descontentamento com os planos privados foi uma das faíscas das manifestações de 2019. Na Argentina e no México, movimentos civis pressionam por mais regulação do setor.
5. A resposta dos governos e da sociedade
As estratégias "Deny, Defend e Depose" têm levado governos e instituições a intervir:
Reformas regulatórias no Brasil (ANS) e na Colômbia
Campanhas públicas de denúncia nos EUA e Canadá
Novas leis de transparência e obrigatoriedade de cobertura
A sociedade civil tem exercido um papel fundamental, por meio de ações coletivas, ONGs e denúncias midiáticas.
6. Como identificar e superar essas barreiras?
Para os cidadãos, reconhecer as práticas é o primeiro passo. As principais orientações incluem:
Documentar todas as comunicações com o plano
Buscar apoio jurídico quando necessário
Pressionar por regulação e transparência
Governos, por sua vez, devem investir em regulação eficiente, fiscalização e abertura de alternativas públicas de qualidade.
Conclusão
As táticas de "Deny, Defend e Depose" representam mais que simples práticas empresariais — elas expõem um conflito moral entre lucro e vida. A crescente revolta com os planos de saúde é um chamado para rever as prioridades dos sistemas de saúde em todo o continente americano. A transformação só será possível com engajamento cívico, políticas públicas fortes e a humanização do cuidado à saúde.
Referências
Kaiser Family Foundation. (2023). Health Insurance Denials in the U.S.
ONU – Relatório de Direitos Humanos na Saúde.
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Brasil.
Observatório de Salud – Chile.
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